Quem gosta de literatura não pode desconsiderar uma boa visita às livrarias. Ao entrar em uma delas, vemos toda uma organização especial em torno de alguns best-sellers. São torres de livros organizados em pontos estratégicos, conhecidos como "pontos de venda". As prateleiras estão cheias de romances de escriores nacionais e estrangeiros. É um exercício árduo encontrar algum que nos apeteça, em geral escolhemos os velhos conhecidos, para não arriscar na compra. Mas se estivermos imbuídas de um espírito aventureiro, com tempo para vasculhar as enormes estantes das megastores com seus opcionais stands de mesa, podemos localizar alguma coisa interessante. Caso não encontremos, teremos feito um bom exercício arqueológico no intuito de garimpar alguma raridade.
Em um desses exercícios durante as férias docentes, estive em uma livraria com mais frequência do que de costume e vi torres de livros, stands e prateleiras repletas dos livros da escritora norte-americana Stephanie Meyer, autora de um quadrilogia intitulada: Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer. Desses quatro livros, três já se tornaram filme e o último está no prelo. São livros de fácil digestão feitos para um público consumerteens. Os vampiros e toda a atmosfera vitoriana inclusive com seus códigos puritanos voltam a nos rondar com seus espectros. No romance, algumas referências nos apontam isso: a inlusão de excertos da peça de William Shakespeare, Romeu e Julieta (século XVII) e referências ao romance O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brönte, publicado no século XIX.
O mote é a história de amor proibido entre um vampiro e uma humana que, com doses de erotização e sensualidade, atinge em cheio o público ao qual se destina. O apelo sexual é tão sugestivo no filme (pois não se concretiza em ato) que tornou o personagem, e por extensão o ator, em símbolo sexual da noite para o dia. Conversando com uma jovem, disse-lhe, como provocação, que a personagem não era bonita, mas ela me corrigiu dizendo que o que lhe atraía era a forma com que ele tratava a protagonista. Sendo assim, vale o ditado que a minha mãe dizia: "quem ama o feio, bonito lhe parece", uma retextualização de outro clássico da literatura ocidental A Bela e a Fera. Curiosamente, o nome da protagonista da saga é Bella que tenta unir a "fera", seu vampiro, a sua humanidade perdida.
Mas sobre esses livros, há ainda muito a se dizer.