domingo, 24 de maio de 2009

SEMINÁRIO HELENA PARENTE CUNHA

Aconteceu em Salvador, entre os dias 20 e 23 de maio, na Academia de Letras da Bahia, O SEMINÁRIO HELENA PARENTE CUNHA: AS FORMAS INFORMES DO DESEJO.

A escritora baiana, que mora atualmente no Rio de Janeiro, esteve na Bahia para receber as homenagens da Academia de Letras da Bahia, da crítica literária local e de outros estados. Amigos e familiares, em depoimento, também puderam expressar o respeito e admiração pela escritora, por sua trajetória de vida.

Os dois primeiros dias de evento tiveram como destaque as falas da crítica literária sobre a produção de Helena Parnte Cunha, a partir de diferentes abordagens teóricas. O encerramento foi centrado na fala da escritora que teve como coordenadora de mesa uma outra escritora baiana, Myriam Fraga. Helena Parente Cunha finalizou o evento com uma fala memorável, densa, um percurso de sua vida, onde vida e obra se confundiam. Era um texto permeado de visitações a espaços, falas, experiências, emprestadas às suas personagens femininas, para inscrever na ficção baiana uma voz feminista, claramente INDIGNADA, como ela mesmo mencionou, com as estruturas que sustentam tantas exclusões, principalmente a das mulheres.

Helena Parente Cunha escreveu um texto emocionante. Dificilmente alguém naquele auditório não se sentiu tocado com suas palavras, em suaves tons avermelhados (embora estivesse trajando amarelo, de Oxum). Tons que, em alguns momentos, produziam palavras intencionalmente bem articuladas e pausadas, para dar ênfase. Foi assim quando falou de sua indignação com a sociedade que esmaga tantas vidas e, também, quando citou qualidades de outras colegas, como foi o caso da professora Ivia Alves, professora da UFBA, quando organizou o VII Seminário Mulher na Literatura, em Salvador, em 1999, que também tinha homenageado a escritora. A fala de Helena Parente Cunha era um memorial poético, escrito e não digitado (manuscritos que valem ouro, decerto) e que de tão prazeroso foi sugerido uma nova leitura por Myriam Fraga, brincando com a amiga, que perdida entre os papéis de sua fala, estava surpresa por ter terminado. O clima não poderia ser outro.

A leveza de Helena Parente Cunha ao tratar de questões tão violentas à mulher, como o patriarcado, contagiou todos os presentes naquele auditório, pois ouviram uma escritora politizada, preocupada com as questões atuais, emprestar a sua voz para, junto ao microfone e naquele ambiente solene e acolhedor, confirmar o que já víamos em seus textos.

Helena Parente Cunha é uma escritora cuja escrita inquieta.

Durante o evento, vários livros foram mencionados pela crítica: Cem Mentiras de Verdade, A Casa e As Casas, Os Provisórios, Corpo no Cerco, Vento, Ventania, Venaval, entre outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário